Home SEGURANÇA Jungmann diz que atual sistema prisional aumenta insegurança

Jungmann diz que atual sistema prisional aumenta insegurança

por Julio Costa

Ministro disse que, além da superlotação que traz condições desfavoráveis para presos, cadeias são dominadas e controladas por grupos do crime organizado.

 

Raul Jungmann: “Se a sociedade pensa que ao tirar o bandido da rua e prender está ampliando a segurança, é preciso dizer que no atual sistema, está agravando sua segurança”

 

Rio de Janeiro – Os presídios brasileiros abrigam “monstros” que são alimentados pelo Estado para depois comerem a sociedade, disse o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que lançou nesta segunda-feira uma programa de parceria público-privada para a construção de novas unidades prisionais no país.

O ministro destacou que, além da superlotação que leva a condições desfavoráveis para os presos, as cadeias brasileiras são dominadas e controladas por grupos do crime organizado.

Para Jungmann, essa sistemática precisa ser alterada e a sociedade não pode achar que com a prisão de um criminoso os problemas de violência estão resolvidos. O ministro frisou que o atual modelo de encarceramento acaba se voltando contra a própria população.

“O nosso sistema não está funcionando… hoje você demanda no país unidades funcionais, e não apenas depósitos de presos que vivem ociosos, não trabalham e não têm estudo se tornando profissionais do crime”, disse Jungmann ao lançar um novo programa para a construção de penitenciárias, em evento no Rio de Janeiro.

“Na verdade, estamos cevando o monstro para ele nos devorar. Se a sociedade pensa que ao tirar o bandido da rua e prender está ampliando a segurança, é preciso dizer que no atual sistema, está agravando sua segurança”, acrescentou.

O ministro destacou que o Brasil conta atualmente com dezenas de facções criminosas que ditam as regras dentro dos presídios e garantem a vida e o futuro dos detentos a elas filiadas.

 

“Hoje o sistema está absolutamente saturado”, disse a jornalistas durante o evento na sede do BNDES.

 

Segundo o ministro há um de déficit de 358 mil vagas em presídios no Brasil, e o sistema carcerário brasileiro já conta com 726 mil presos. Com crescimento anual dessa população de 8,3 por cento, a perspectiva é que em 2025 o número de presos vai se aproximar de 1,5 milhão de pessoas.

 

Jungmann anunciou junto com o BNDES um programa para ajudar os Estados na formação de PPPs com a iniciativa privada para a construção de novas unidades prisionais no Brasil em tempo mais curto e com maior eficiência.

 

O BNDES vai auxiliar os Estados na elaboração de projetos para a construção de presídios em conjunto com o setor privado. Empresas habilitadas e com experiência no setor de construção poderão disputar não só o direito de fazer a obra civil, mas também na prestação de serviço das prisões.

 

A gestão da segurança local continuará com os governos. Pelo modelo desenhado entre BNDES e governo federal, um fundo penitenciário existente e já capitalizado com cerca de 1,1 bilhão de reais poderá ser acessado pelos Estados e municípios interessados para usar a verba como garantia do projeto e da parceria com o ente privado.

 

Jungmann disse acreditar que novas e melhores instalações prisionais e uma melhor gestão ajudarão na redução da força das facções criminosas no país.

 

“Hoje, num sistema superlotado, que põe todos os criminosos juntos, independentemente de sua periculosidade, quem dá a segurança da vida no sistema prisional são as facções”, disse, “Com esse programa vamos avançar na ressocialização e na importância das facções, que tornaram praticamente os presos em escravos do crime”, disse o ministro, lembrando que hoje apenas 12 por cento da população carcerária trabalha e 15 por cento tem atividade educativa.

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