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Presos do semiaberto trabalham na Cidade Administrativa

por AMAFMG Agentes Fortes

Num local onde trabalham mais de 16 mil pessoas, há dois jovens que se diferenciam. Eles saem todas as manhãs do Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, para cumprir expediente na Cidade Administrativa de Minas Gerais (CAMG), em Belo Horizonte. Matheus Felipe Magalhães, de 25 anos, e Marcos Vinícius Pereira da Silva, de 25, são presos do regime semiaberto e trabalham para o Programa Ambientação, da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam). A parceria entre a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) e a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad) foi a união do útil ao agradável. O programa precisava de funcionários, e a Seap tinha a mão de obra disponível.

 

A proposta foi apresentada à Diretoria de Trabalho e Produção da Seap que, por meio da Comissão Técnica de Classificação (CTC), selecionou sete presos do regime semiaberto do Presídio Antônio Dutra Ladeira. Após as entrevistas, Matheus e Marcos foram escolhidos para o trabalho. Eles recebem ¾ do salário mínimo, alimentação e transporte. Essa não é a primeira vez que presos da Região Metropolitana de Belo Horizonte são contratados pelo setor. Alguns já trabalharam entre 2011 e 2013.

Matheus e Marcos começaram as atividades em dezembro passado. A dedicação e a responsabilidade foram tantas que hoje, com menos de dois meses, eles já assumiram outras funções. Inicialmente foram contratados para recolher papéis nos prédios da CAMG para produção de blocos de anotação. Hoje também colaboram para gestão de outros programas de reciclagem da Feam, como o reaproveitamento de óleo de cozinha, descarte de pilhas, distribuição e colagem de adesivos.

“Já são o meu braço direito”, afirma Ana Paula Aleixo Alves, da Comissão Gestora do Programa Ambientação. Para ela, quem ganhou o presente foi o projeto. “A gente nem vê isso como uma oportunidade para eles e sim, para nós. Tínhamos uma carência muito grande de pessoal, e eles mais que supriram. Também vimos como isso foi importante para eles. O Marcos, por exemplo, quer voltar a estudar, depois que começou a trabalhar aqui”.

Marcos se surpreendeu quando soube que havia sido selecionado. Ele relata que teve medo no início. “Trabalhava na manutenção, no meio do mato, não imaginava estar aqui. Não sabia nada de computador e temia que isso me prejudicasse, mas é mexendo que se aprende. Hoje já cuido das planilhas e estou fazendo um curso online de Excel para aprimorar. Estudei até a sexta série e agora quero terminar meus estudos e ter um diploma”.

A gestora Ana Paula Aleixo conta que a aceitação deles foi melhor do que o planejado e que o fato de serem presos não atrapalha a relação com os outros funcionários. “Nosso programa também trabalha a questão social. E ter eles aqui contribui muito para isso”.

Já Mateus é um exemplo de ressocialização. Quando foi preso, tinha apenas o Ensino Fundamental. Completou o Ensino Médio no presídio e agora está concluindo o curso superior em Administração, feito a distância na Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais (Fead). “É uma alegria muito grande pra mim, mas é maior ainda pra minha família, porque nem eles nem eu imaginávamos que eu teria essa oportunidade, que eu estaria aqui trabalhando hoje. E eles ainda podem vir almoçar comigo e ver o novo ambiente em que eu estou inserido”.

Segundo Felipe Simões, coordenador do Núcleo de Parcerias, o trabalho deu tão certo que as vagas serão expandidas. “Temos mais três presos trabalhando na Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad) e vamos trazer mais para trabalhar aqui. A vinda do Matheus e do Marcos abriu as portas para outros detentos. O esforço e a dedicação deles quebraram qualquer resistência dos servidores”.

Ressocialização

Atualmente, cerca de 14 mil presos trabalham enquanto cumprem pena nas unidades prisionais mineiras. Eles recebem remição de pena. A cada três dias trabalhados, um a menos na sentença. Desse total, cerca de 4.500 são remunerados.

As atividades são realizadas externamente ou em oficinas instaladas dentro das unidades prisionais. O principal objetivo é que o egresso retorne ao convívio da sociedade com condições de voltar para o mercado trabalho, passando por uma mudança de vida.

A SEAP tem parceria com cerca de 300 instituições, como empresas, organizações civis de interesse público (OSCIPs), prefeituras municipais, entre outras. A meta da nova gestão é dobrar esse número no prazo de dois anos.

Por Fernanda de Paula

Crédito fotos: Feam

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